Diabetes
Doença endócrina mais frequente: Diabetes
O Diabetes mellitus (DM) é a doença mais frequente, dentre todas as doenças endócrinas e doenças crônicas não transmissíveis, caracterizando uma epidemia global. Os dados da International Diabetes Federation (IDF – Federação Internacional de Diabetes) apontam 415 milhões de pessoas com a doença em 2015 e 642 milhões em 2040! Portanto, atualmente 1 em cada 11 pessoas tem DM. O Brasil ocupa o 4º lugar (China, India e EUA à frente), com uma estimativa de quase 15 milhões de pessoas diabéticas (14.3 milhões) e atingirá 23.3 milhões em 2040.
O impacto sobre a mortalidade é, também, muito grande: somando-se todas as mortes por AIDS (1.5 milhão), tuberculose (1.5 milhão) e malária (0.6 milhão) não suplantam a quantidade de mortes causadas anualmente por diabetes no mundo: 5 milhões. Há mais homens do que mulheres, a concentração maior é nas áreas urbanas e o aumento de casos previsto para a América Latina é de 60% em 2040.
DIABETES
Diabetes Tipo 1
Diabetes Tipo 1
Diabetes Tipo 2
Diabetes Tipo 2
Diabetes Gestacional
Diabetes Gestacional
Pré-Diabetes
Pré-Diabetes
Principais tipos de diabetes:
Tipo 1 – Destruição da célula beta do pâncreas
Tipo 2 – Defeito progressivo da secreção de insulina*
Diabetes Gestacional (DMG)
Outros tipos específicos: Defeitos genéticos de função de célula beta e ação da insulina, Doenças do pâncreas exócrino (ex. pós-pancreatite), Induzidos por drogas (ex. corticoides, antipsicóticos).
*O DM Tipo 2 (DM2) resulta de um concerto de várias outros defeitos como a resistência à ação da insulina (no fígado, músculo, tecido gorduroso), resposta ineficiente de hormônios intestinais, transporte de glicose pelo rim.
O tipo mais frequente é o DM2, que compreende 90% dos casos. Vários fatores são considerados de risco de desenvolver a doença e indicam necessidade de rastrear a doença com teste de glicemia ou HbA1c.
Como diagnosticar diabetes ? (ADA e SBD, 2015)
HbA1c*
Glicemia de jejum
Glicemia pós 2ª hora TTG 75g
Glicemia ao acaso
≥6.5% (HPLC) | ≥126 mg/dL (duas ocasiões, jejum de pelo menos 8 horas) | ≥200 mg/dL | ≥200 mg/dL |
ADA, American Diabetes Association-Classification and Diagnosis. Diabetes Care 2015;38 (suppl 1):S9. SBD, Sociedade Brasileira de Diabetes: Diretrizes Práticas 2015-2016, www.diabetes.org.br.
* HbA1c ou A1c – Hemoglobina glicada, mensurada pelo método HPLC (High Pressure Liquid Cromatography). As desvantagens do uso da HbA1c são: custo mais elevado, disponibilidade limitada em alguns locais, correlação incompleta com glicemia média em alguns indivíduos, interferência de anemia e hemoglobinopatia, raça e etnia (refs 1-4).
National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) indica que HbA1c ≥6.5% identifica 1/3 menos dos casos de DM não diagnosticado do que a glicemia de jejum ≥126 mg/dL.
Nota: glucose pós-prandial (duas após uma refeição) não deve ser usada para diagnosticar DM, apenas para avaliar se o controle está dentro da meta.
Como diagnosticar pré-diabetes?
HbA1c
Glicemia de jejum (Tolerância diminuída em jejum)
Glicemia pós 2ª hora TTG 75g (Intolerância à glicose)
5.7 – 6.4% (HPLC) | 100 – 125 mg/dL (duas ocasiões, jejum de pelo menos 8 horas) | 140 – 199 mg/dL |
Nota 1: Se o paciente tem Pré-diabetes e 2 ou mais fatores de risco, indica-se realizer TTG 75g (glucose anidra dissolvida em água).
Nota 2: Tolerância Diminuída à Glicose (Impaired Fasting Glucose) e Intolerância à Glicose (Impaired Glucose Tolerance) não são entidades clínicas, mas fatores de risco para DM e doença cardiovascular (DCV); e estão associadas à Obesidade (principalmente abdominal ou visceral), Dislipidemia (HDL baixo e triglicérides elevados) e Hipertensão arterial.
Recomendações para investigar diabetes em pessoas assintomáticas:
Indivíduos com sobrepeso (IMC ≥ 25 kg/m2, ou ≥ 23 kg/m2 entre orientais) ou obesidade (IMC ≥30 kg/m2) com dois ou mais fatores de risco e acima de 45 anos
Se o teste é normal, repetir em 3 anos
Testes recomendados: HbA1c, Glicose de jejum ou Teste de Tolerância à Glicose para a 2a hora pós sobrecarga de 75 g (TTG 75 g)
Se há Pré-diabetes, investigar e se apropriado, tratar fatores de risco cardiovasculares
Fatores de risco para Diabetes Tipo 2
Sedentarismo
HDL-colesterol 250 mg/dL
Mulheres com histórico de bebês > 4 kg ou de DMG
HbA1c ≥5.7%, Tolerância diminuída em jejum ou Intolerância à glucose (2a hora) em exames prévios
Hipertensão arterial (≥140/90 mmHg) Outras condições clínicas associadas à resistência à insulina (ex. Obesidade grau 2 ou Acanthosis nigricans)
Uso prévio de antihipertensivos
Histórico de doença cardiovascular (ex. Angina, infarto)
Nota: Crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade e com 2 ou mais fatores de risco, devem ser testados para verificar Pré-DM ou DM2.
Rastreamento e diagnóstico de DMG
Mulheres grávidas devem ser avaliadas na primeira visita pré-natal, com uma glicemia de jejum. O rastreamento deve ser realizado entre as 24-28ª semanas de gestação. Recomenda-se rastrear com TTG 75g entre as 6-12ª semanas pós-parto, para pesquisar DM persistente.
Critérios diagnósticos
Prevenção: É possível?
Estudos na Finlândia, Canadá e Estados Unidos mostraram que o DM2 pode ser prevenido através de um plano alimentar saudável e atividade física regular (redução na progressão de 58%). O DM1 não pode ser ainda prevenido, portanto, não se recomenda o rastreamento populacional, a exemplo do DM2. Diante de um caso na família, o médico assistente deve informar sobre eventual inclusão em estudos investigativos no país ou em outros centros (www.clinicaltrials.gov).
Rastreamento de DMG
Referências:
ADA, American Diabetes Association-Classification and Diagnosis. Diabetes Care 2015;38 (suppl 1):S9.
SBD, Sociedade Brasileira de Diabetes: Diretrizes Práticas 2015-2016, www.diabetes.org.br.
Diagnostic Criteria and Classification of Hyperglycaemia First Detected in Pregnancy, WHO/NMH/MND/13.2